No final de semana com feriado que se passou, passei três dias em Porto Alegre, no prédio da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde participei do UFRGS Mundi 2015. O UFGRS Mundi é uma simulação de várias áreas da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Senado Federal brasileiro, onde fiquei (á principio meio relutante, por ser um feriado e eu adorar dormir além da conta, mas com o tempo mudei a visão). Fui representando a escola onde estudo, Frederico Schmidt.
Nossa tarefa era revisar a Lei da Anistia (lei que perdoou todos os envolvidos no regime militar brasileiro, as vítimas e principalmente os vilões), revisão essa que foi barrada no Supremo Tribunal Federal (STF). Eu fiquei na bancada da minoria (que fez um furdunço danado, debatendo com propriedade), que apoiava essa necessária revisão, representando o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Fomos de encontro a uma bancada de maioria muito bem estruturada, de argumentos falhos, mas fechada, de tal maneira que por falta de votos a revisão novamente não passou.
Os debates foram extremamente acalorados, levado por uma mesa de estudantes universitários que davam prazer para nós de estar lá, devido á aquele brilho latente em seus olhos, o que deu força para seguirmos falando (até porque ficar três dias debatendo dentro de uma sala para alguns pode ser um tormento, mas acabou se tornando um grande prazer). As pessoas participantes eram jovens de altíssimo garbo, muito bem humorados e entrosados, o que fazia com que o prazer de chegar logo o outro dia para continuar o debate só aumente-se, a ponto de, na terça-feira seguinte ao fim do evento, o meu peito sentir uma falta tremenda daquelas pessoas com quem convivi por três dias, mas me parecia que convivia a vida toda.
Percebi como é difícil lidar com pessoas de visões diferentes. Percebi como a falta de argumentos faz o homem atacar a pessoa e deixar de lado as ideias. Percebi que posso perder toda minha razão no momento que perco minha grande paciência e chego ao ápice de gritar (grito que foi devidamente repreendido no mesmo tom pela mesa da presidência). Percebi que o homem pode brigar severamente durante horas e chegar ao fim daquilo, abraçar o desafeto e sair rindo como se nada tivesse acontecido.
Com certeza esses três dias levarei por um longo tempo na minha vida, assim como as pessoas que lá conheci. A minha fé no próximo voltou, coisa que há tempos não tinha. Hoje novamente não calo minha boca como de costume, grito alto aos quatro cantos o que a voz cala mas o coração agita: “SOMOS DO SENADO, PRIMEIRA VEZ E JÁ GLORIFICADO!”