quinta-feira, 15 de outubro de 2015

E lá vem o senado...




No final de semana com feriado que se passou, passei três dias em Porto Alegre, no prédio da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde participei do UFRGS Mundi 2015. O UFGRS Mundi é uma simulação de várias áreas da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Senado Federal brasileiro, onde fiquei (á principio meio relutante, por ser um feriado e eu adorar dormir além da conta, mas com o tempo mudei a visão). Fui representando a escola onde estudo, Frederico Schmidt.

Nossa tarefa era revisar a Lei da Anistia (lei que perdoou todos os envolvidos no regime militar brasileiro, as vítimas e principalmente os vilões), revisão essa que foi barrada no Supremo Tribunal Federal (STF). Eu fiquei na bancada da minoria (que fez um furdunço danado, debatendo com propriedade), que apoiava essa necessária revisão, representando o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Fomos de encontro a uma bancada de maioria muito bem estruturada, de argumentos falhos, mas fechada, de tal maneira que por falta de votos a revisão novamente não passou.

Os debates foram extremamente acalorados, levado por uma mesa de estudantes universitários que davam prazer para nós de estar lá, devido á aquele brilho latente em seus olhos, o que deu força para seguirmos falando (até porque ficar três dias debatendo dentro de uma sala para alguns pode ser um tormento, mas acabou se tornando um grande prazer). As pessoas participantes eram jovens de altíssimo garbo, muito bem humorados e entrosados, o que fazia com que o prazer de chegar logo o outro dia para continuar o debate só aumente-se, a ponto de, na terça-feira seguinte ao fim do evento, o meu peito sentir uma falta tremenda daquelas pessoas com quem convivi por três dias, mas me parecia que convivia a vida toda.

Percebi como é difícil lidar com pessoas de visões diferentes. Percebi como a falta de argumentos faz o homem atacar a pessoa e deixar de lado as ideias. Percebi que posso perder toda minha razão no momento que perco minha grande paciência e chego ao ápice de gritar (grito que foi devidamente repreendido no mesmo tom pela mesa da presidência). Percebi que o homem pode brigar severamente durante horas e chegar ao fim daquilo, abraçar o desafeto e sair rindo como se nada tivesse acontecido.

Com certeza esses três dias levarei por um longo tempo na minha vida, assim como as pessoas que lá conheci. A minha fé no próximo voltou, coisa que há tempos não tinha. Hoje novamente não calo minha boca como de costume, grito alto aos quatro cantos o que a voz cala mas o coração agita: “SOMOS DO SENADO, PRIMEIRA VEZ E JÁ GLORIFICADO!”

sábado, 22 de agosto de 2015

Alpendre da saudade

Às vezes fico no alpendre da fazenda
Contemplando a vivenda onde eu era tão feliz
E bem na frente um barranco ao pé da estrada
Foi passagem de boiada
Tão pisado, o chão me diz:

Por quê?
Por que você mudou?
Por que se afastou de mim?
Eu sou apenas uma estrada
Não sou mais pisada
E tão abandonada, enfim

De que me adianta
Esse alpendre da fazenda
Que eu troquei pela vivenda
Por ser tão cheia de pó
Mas era um pó cheio de felicidade
Hoje é pó da saudade
Aqui eu chorando aqui tão só:

Eu sei, eu sei qual a razão
Pois o meu coração me diz
Mas quando eu pego na caneta
Ela me consola
Ela é que me faz feliz

segunda-feira, 20 de julho de 2015

A volta dos que não foram



Á muito tempo eu venho dizendo pelas empreitadas da vida que a história recente do Brasil é como um espírito zombeteiro, que não encontrando seu caminho fica zanzando pelo imaginário e pela vida das pessoas em sua volta. Mas também não podemos ser hipócritas e ficarmos de boca aberta, com dizeres do tipo “meu Deus, encontraram milhões na casa da dinda, Collor tinha carrões guardados, onde o país vai parar”.

Eu não era nascido na época dos acontecimentos que culminaram no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello em 1992, mas pelo parco estudo que tenho (não sou de ser modesto, mas agora fui pra manter as aparências) sei que o país sob sua tutela passou por maus bocados. Inflação em altos índices, poupança retida pelo banco central, povo sem dinheiro e sem dignidade.

Denúncias de seu irmão Pedro Collor, que dentre outras coisas falava sobre milhões guardados, dinheiro em campanha que foram capitados, mas embolsados por ele e seu tesoureiro PC Farias (que foi devidamente queimado dos arquivos poucos anos depois) e jogos de poder obscuros ficaram insustentáveis a ponte de o congresso ser obrigado a derruba-lo. Veja bem, não vou com isso contra o que disse no primeiro texto deste blog, ao contrário, reitero, o povo não derrubou Collor, mas uma grande articulação política motivada pelo fato de ele querer roubar sozinho.

O tempo passa e ele aos poucos ressurge das cinzas, como um bom coronel das Alagoas que sempre foi e se une a pessoas do poder, a ponto de hoje, 23 anos após o impeachment, voltar a ser investigado e irregularidades devidamente comprovadas.

Hipócrita daquele que se espanta, quem mandou confiar na velha raposa? Raposa perde o pelo, mas não o vício. E com esse triste episódio vê-se que no Brasil, historicamente, nada se cria, nada se renova, apenas tudo se repete. Aquilo que um dia foi um Fiat Elba, hoje são incontáveis Ferraris, aquilo que foram cruzeiros hoje são reais (sendo otimista, porque devem ser mesmo euros, dólares, moedas que valem), e aquilo que foi passado pra trás... bom... pra frente não foi... (vou calar a boca antes que eu termine com um tiro no peito igual PC ou com um câncer inesperado igual Pedro...).

sábado, 18 de abril de 2015

Solidão de um quarto




Dizem os mais sabidos (ou pelo menos que se acham mais sabidos) que a pior solidão que existe é a solidão do quarto de hotel. Sempre que se conta uma história e se coloca no meio dela alguma parte sozinho em um quarto pode se ter certeza que é alguma tristeza. Hoje me peguei na pior situação que já passei em todos esses anos tentando viver (claro, perder um ente querido é uma situação muito ruim, ainda mais quando esse ente se mata aos poucos sem pensar em você): sozinho num quarto sem ter com quem conversar e sabendo que não tenho para quem ligar, ou pelo menos bater um papo online.

Tomei consciência de uma realidade que eu sabia mas ficava adormecida na minha mente pela anestesia dos momentos de felicidade passageiros: não soube manter um ciclo de amizades na minha vida. Todo lugar onde eu abito ou já abitei não deixei uma única saudade. Sempre se cria uma reclamação pelo meu jeito de ser que gera muita dor para mim. Não consegui manter um amigo que me chamasse para sair, um amigo que eu não tivesse que me meter no meio das conversas para sair com ele, um amigo que gostasse de mim sem reclamações e que todo o final de semana estivesse comigo, um amigo que em nenhum momento falasse de mim pelas costas, apenas um amigo.

Não quero com esse desabafo botar em cima de mim a imagem de "coitadinho" ou "dramático", quero apenas chegar a conclusão que toda essa minha solidão e tudo isso que me acontece é por minha máxima culpa. Sim, minha culpa, culpa essa que carrego com muito pesar nas costas. Exagero no carinho, exagero no que esperar da pessoa e fico esperando um pouco de afeto do primeiro que vem e me da "bom dia". Não quero com isso também que apareça alguém dizendo "coitadinho, vou ajudar ele". ABSOLUTAMENTE NÃO! Porque eu mereço, tudo o que colho eu já plantei um dia e espero que toda essa dor acabe comigo aos poucos para que eu sofra ainda mais e com esse sofrimento saiba me reerguer e ser um homem melhor algum dia.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

E agora José?



José meu bom José... De vez em quando fico pensando o que te levou a se candidatar a ser comandante de um barco furado, detonado, sem tripulação e cheio de ratos. É meu bom José, tu devias ter ficado na tua Caxias do Sul calmo, tranquilo, devia ter tentado de novo a prefeitura (que com certeza ganharia), tirando de cabeça esse desejo de subir na vida. A subida é sempre mais perigosa, os degraus para chegar ao topo são como lisas arruelas que dividem a pressão de uma forma que tende a não pressionar no inicio, mas depois se da o aperto.

Talvez se tu tivesses esperado mais quatro anos, ter deixado, sei lá, a Ana assumir, ou até mesmo o Vieira coitado (que tu levo contigo e que também ta sentindo a pressão) talvez hoje tu fosse uma oposição mais neutra, o que difundiria tua imagem regionalmente e que saá nacionalmente (claro, nacionalmente como ferrenho apoiador do governo Dilma). Mas tua ganancia por poder (que imagino eu deva existir, pois ninguém chega ao Piratini sem querer) foi tão grande que ao dar a cara a tapa, os socos foram mais fortes, o que te fazem hoje, 100 dias após tomar posse, um governador despopular por não ter como fazer programas que o tornem tal.

E agora José? O que te resta? Sentar e assistir o extermínio do estado ou pegar o que te resta de público e remexer no mais profundo do intimo gaúcho e arrumar o que é de praxe? Talvez arrumar tuas malas e voltar a tua Caxias do Sul que tanto te ama (ou não, não sei como anda a tua situação por lá). Bom, só sei que meu bom José, a ganancia foi tua, agora dirija esse barco e se não afundar, tua capitania terá comando eterno.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Renascendo na fé



Pausa para a semana santa, fica aquele pensamento em mente: será que estou levando a sério minha fé? Será que tem me ajudado em alguma coisa toda essa fé? Será que eu tenho fé? São perguntas tipicas que aparecem na cabeça de todo o cidadão, religioso ou não, nessa época de reflexão que antecede a Páscoa, dia da ressurreição.

Muita gente não entende o real motivo de toda essa tradição (tipo colher macela sexta de manhã, ficar entre quinta e sexta sem comer carne vermelha, apenas peixe, etc.), e tem gente que chega a dizer coisas do tipo "vou fazer um baita churrasco essa sexta-feira". Mas tudo isso tem um sentido especial para quem crê, independente da religião praticada. Até porque toda religião pentecostal e neo pentecostal provem de uma mesma religião, a católica, mas isso é história pra outro texto.

O ponto que eu quero chegar é que toda ou qualquer tradição desta época tem a intenção de penitencia de um erro drástico cometido pelo ser humano, o erro de ter condenado a morte um ser superior que veio com a intenção de salvar-nos do pecado. Ninguém é obrigado a crer nisso, mas tem que respeitar. Respeito é muito importante para tudo na nossa vida, respeito ao próximo é o que mantém a sociedade em harmonia. (o mesmo respeito que eu tenho por quem não crê eu espero ter por crer.)

Se sua fé está aflorada, se sua fé está adormecida ou se por algum motivo você não tem fé, nessa época de pausa faça um balanço de tudo o que levou você a ser assim. A ressurreição representa um recomeço, um momento de renascimento espiritual, um momento de redescoberta de si mesmo. Cresça na fé, acorde essa fé, FAÇA ESSA FÉ RENASCER! 

domingo, 29 de março de 2015

Tenho Saudades



Tenho saudades de um tempo que eu não vivi. De ouvir falar, sinto falta de coisas significativas para mim, coisas simples que eu gostaria de ter vivido, de ter visto, de ter sentido. Como pode uma pessoa ter essa saudade forte, que machuca, sem nem ao menos ter nascido na época? Não sei, mas são coisas que me fazem de tristeza dar risada para não chorar de saudade.

O cheiro do café passado de manhã, o gosto do mate sevado na hora, são coisas que dinheiro nenhum compra. A estrada com aquela carreta grande e imponente passando. Os bois mugindo, ruminando, num compasso com a fina alvorada. Aquela paixão simples, recuada, recolhida num olhar que de malicia não tinha nada. A vida simples, onde o homem trabalhava para comer e não para deixar viúva rica.

Agora, existe a cafeteira, o mate é cheio de química, o dinheiro compra tudo. O progresso foi vindo como um rolo compressor e o asfalto tirou todo o charme da poeira da estrada, velha carreta já não sai do lugar. O mugido foi trocado pela buzina e o compasso da fina alvorada por um céu cinza de fumaça. E a paixão, ah a paixão! Virou malicia, virou atos libertinosos, ninguém mais aceita a cordialidade, apenas a canalhice dos beijos passageiros.

Soberbo vou resistindo, somente o implacável tempo vai forçar a parada dessa saudade. Eu vou cumprir essa sina, embora os tempos mudados, vou mantendo minha tradição, passada de pai para filho. Sim, sou diferente, sou uma poeira já carcomida simbolizando um passado que já não trás interesse. Quando eu for para a eternidade essa tradição vai parar, porque graças ao inevitável progresso essa saudade não vou ter para quem deixar.